quarta-feira, 6 de outubro de 2010

FUNGOS

Os fungos são os membros de um grande grupo de organismos eucariontes que inclui micro-organismos tais como as leveduras, bolores, e também os familiares cogumelos. Os fungos são classificados num reino separado das plantas, animais e bactérias. Uma grande diferença é o fato de suas células terem paredes celulares que contêm quitina, ao contrário das células vegetais, que contêm celulose. Estas e outras diferenças mostram que os fungos formam um só grupo de organismos relacionados entre si, denominado Eumycota (fungos verdadeiros), e que partilham um ancestral comum (um grupo monofilético). A disciplina da biologia dedicada ao estudo dos fungos é a micologia, muitas vezes vista como um ramo da botânica, mesmo apesar de os estudos genéticos terem mostrado que os fungos estão mais próximos dos animais do que das plantas.
Os fungos são abundantes em todo mundo, e sua maioria não se percebe de imediato devido ao pequeno tamanho das suas estruturas, e pelos seus modos de vida críticos no solo, na matéria morta, e como simbiontes de plantas, animais, e outros fungos. Podem tornar-se notados quando frutificam, seja como cogumelos ou como bolores. Os fungos desempenham um papel essencial na decomposição da matéria orgânica e têm papéis fundamentais nas trocas e ciclos de nutrientes. São  há muito tempo utilizados como uma fonte direta de alimentação, como no caso dos cogumelos e trufas, como agentes levedantes no pão, e na fermentação de vários produtos alimentares, como o vinho, a cerveja, e o molho de soja. Desde a década de 1940, os fungos são usados na produção de antibióticos, e, mais recentemente, várias enzimas produzidas por fungos são usadas industrialmente e em detergentes. São também usados como agentes biológicos no controle de ervas daninhas e pragas agrícolas. Muitas espécies produzem compostos bioativos chamados micotoxinas, como alcaloides e policetídeos, que são tóxicos para animais e humanos.
Os fungos podem decompor materiais artificiais e construções, e tornar-se patogênicos para animais e humanos. As perdas nas colheitas devidas a doenças causadas por fungos ou à deterioração de alimentos pode ter um impacto significativo no fornecimento de alimentos e nas economias locais. Contudo, pouco se sabe da verdadeira biodiversidade do reino Fungi, que se estima incluir 1,5 milhões de espécies, com apenas cerca de 5% destas formalmente classificadas. Desde os trabalhos taxonômicos pioneiros dos séculos XVII e XVIII efetuados por Lineu, Christiaan Hendrik Persoon, e Elias Magnus Fries, os fungos são classificados segundo a sua morfologia (caraterísticas como a cor do esporo ou caraterísticas microscópicas) ou segundo a sua fisiologia.
• Características:
  • como nos demais eucariontes, os núcleos das células dos fungos estão limitados por uma membrana e contêm cromossomas que contêm DNA com regiões não-codificantes chamadas intrões e regiões codificantes chamadas exões. Além disso, os fungos possuem organelas citoplasmáticas delimitadas por membranas tais como mitocôndrias, membranas que contêm esterois, e ribossomos.
  • Os fungos possuem poucos cloroplastos e são organismos heterotróficos.
  • Os fungos possuem uma parede celular e vacúolos. Reproduzem-se por meios sexuados e assexuados, e tal como os grupos basais de plantas (como os fetos e musgos) produzem esporos. Tal como os musgos e algas, os fungos têm núcleos tipicamente haploides.
  • Os fungos mais desenvolvidos, os euglenoides e algumas bactérias, produzem o aminoácido L-lisina em passos específicos de biossíntese, a via do alfa-aminoadipato.
  • As células da maioria dos fungos crescem como estruturas tubulares, alongadas e filamentosas designadas hifas. Estas podem conter múltiplos núcleos e crescer a partir das suas extremidades. Cada extremidade contém um conjunto de vesículas - estruturas celulares compostas por proteínas, lípidos e outras moléculas orgânicas. Crescem por divisão celular repetida ao longo de uma cadeia de células.
  • Algumas espécies crescem como leveduras unicelulares que se reproduzem por gemulação ou por divisão binária. Os fungos dimórficos podem alternar entre uma fase de levedura e uma fase com hifas, em função das condições ambientais.
  • A parede celular dos fungos é composta por glicanos e quitina.
  • Não sintetizam clorofila.

• Diversidade:
Os fungos têm uma distribuição mundial, e desenvolvem-se numa grande variedade de habitats, incluindo ambientes extremos como desertos ou áreas com elevadas concentrações de sais ou radiações ionizantes, bem como em sedimentos de mar profundo. Alguns podem sobreviver às intensas radiações ultravioleta e cósmica encontradas durante as viagens espaciais.
A maioria desenvolve-se em ambientes terrestres, embora várias espécies vivam parcial ou totalmente em ambientes aquáticos. As espécies podem também ser distinguidas pelas suas caraterísticas bioquímicas e fisiológicas, tais como a sua capacidade para metabolizar certos compostos bioquímicos, ou a sua reação a testes químicos. O conceito biológico de espécie discrimina as espécies com base na sua capacidade de acasalamento.

Estrutura dos fungos:

            Os fungos podem se desenvolver em meios de cultivo especiais formando colônias de dois tipos:
            - leveduriformes;
            - filamentosas.
            As colônias leveduriformes são pastosas ou cremosas, formadas por microrganismos unicelulares que cumprem as funções vegetativas e reprodutivas.
            As colônias filamentosas podem ser algodonosas, aveludadas ou pulverulentas; são constituídas fundamentalmente por elementos multicelulares em forma de tubo  as hifas.



Ao conjunto de hifas, dá-se o nome de micélio. O micélio que se desenvolve no interior do substrato, funcionando também como elemento de sustentação e de absorção de nutrientes, é chamado de micélio vegetativo.
Os blastoconídios, também denominados gêmulas, são comuns nas leveduras e se derivam por brotamento da célula-mãe. As vezes, os blastoconídios permanecem ligados à célula-mãe, formando cadeias, as pseudo-hifas, cujo conjunto é o pseudomicélio.


            Os artroconídios são formados por fragmentação das hifas em segmentos retangulares. São encontratos nos fungos do gênero Geotrichum, em Coccidioides immitis e em dermatófitos.

            Os clamidoconídios têm função de resistência, semelhante a dos esporos bacterianos. São células, geralmente arredondadas, de volume aumentado, com paredes duplas e espessas, nas quis se concentra o citoplasma. Sua localização no micélio pode ser apical ou intercalar. Formam-se em condições ambientais adversas, como escassez de nutrientes, de água e temperaturas não favoráveis ao desenvolvimento fúngico.

FUNGOS DECOMPONDO UM PÊSSEGO


Bolor (mofo) cobrindo um pêssego em decomposição. As imagens foram obtidas a intervalos de aproximadamente 12 horas ao longo de seis dias.

COGUMELO USADO NA FABRICAÇÃO DE RÉMEDIOS




Esse tipo de congumelo foi usado em um tipo de medicamento acidentalmente, que obteve resultados surpreendentes. Testes com ratos mostraram que o remédio é eficaz contra vários tumores, entre eles o de mama, útero, ovário, próstata, neuroblastoma e tumores cerebrais. A droga ajudou a deter os chamados tumores primários, disse a equipe de Ofra Benny, do Hospital Pediátrico de Boston e da Escola de Medicina de Harvard. "Por via oral, o remédio chega primeiro ao fígado, o que ajuda a prevenir a metástase hepática em ratos", escreveram os autores. "Os fígados dos ratos tratados com a droga estavam quase limpos", afirmou Ofra.



Doenças

PÉ-DE-ATLETA - MICOSE





O pé-de-atleta é uma micose causada por fungos do género Epidermphyton. Este fungo é um microorganismo capaz de, em condições ideais para se proliferar, causar infecções.
Os fungos desenvolvem-se em todo o tipo de ambientes, porém mais ainda em lugares onde existe pouca ou nenhuma luz, bastante humidade e matéria orgânica morta.
O pé-de-atleta é uma infecção extremamente comum, que ataca mais homens do que mulheres, em geral adultos e é cientificamente chamado de Tinea pedis.
Ele pode incidir na pele e nas unhas, na região dos pés, sendo mais acentuado entre os dedos dos pés e de tratamento mais prolongado quando atinge as unhas.




Doença de Jorge Lobo
 
A Doença de Jorge Lobo, causada pelo Paracoccidioides loboi, fungo com nomenclatura ainda em discussão, é uma micose localizada, crônica e polimorfa que surge predominantemente na Amazônia e nunca fora de região intertropical. A inoculação parece dar-se por meio de traumatismo. Ocorre em especial no homem lavrador (10 homens:1 mulher).


 Quadro Clínico


Manifesta-se por lesões queloidiformes ou, ainda, vegetantes, infiltrativas, ulceradas gomosas, entre outras. São geralmente assimétricas e circunscritas a uma região. Os locais mais afetados são os pavilhões auriculares, membros inferiores e superiores. Quando acometidos, os gânglios mostram-se duros e sem flutuação. Em geral, o paciente mantém bom estado físico.

                                                                  Diagnóstico


Para diagnosticar a afecção, procede-se ao exame direto do material da lesão, que revela parasitas abundantes, bem como a histopatologia, que mostra histiócitos espumosos com riqueza de parasitas. Esses se evidenciam por serem fungos arredondados, com membrana de duplo contorno e reprodução por brotamento simples ou múltiplo. O Paracoccidioides loboi não cresce em cultura. 


                                                                     Tratamento


Podem-se utilizar a exérese cirúrgica, a clofazimina e a 5-fluorocitosina, com resultados nem sempre eficientes.






DOENCAS CAUSADAS POR FUNGOS

 

BLASTOMICOSE

 

Blastomyces dermatitidis

 
O B. dermatitidis é um fungo dismórfico que cresce em tecidos de mamíferos na forma de uma célula em brotamento. Ele provoca a blastomicose, uma doença garnulomatosa crônica denominada blastomicose norte americana. Reconhecida somente nos Estados Unidos e Canadá no inicio, agora também na América Central e do Sul, África, Oriente Médio, Polônia e Índia.
 

Morfologia

 
Geralmente o B. dermatitidis aparece como uma célula em brotamento, redonda e multinucleada, com parede birrefringente. Podem ocorrer pequenos segmentos de hifas.
 

Patogenia e Manifestações Clínicas

 
Mais comumente ocorre infiltrado pulmonar associado a uma variedade de sintomas constitucionais indistinguíveis daqueles observados em outras infecções agudas das vias aéreas inferiores, como febre, mal-estar, sudorese noturna, tosse e mialgias. Pode ocorrer pneumonia crônica. Quando disseminados, as lesões cutâneas superficiais são mais comuns, podendo evoluir para granulomas verrucosos ulcerados com bordas que avançam e região central com cicatrização. Ocorrem lesões ósseas, prostáticas, no epidídimo e testículos, principalmente.
 

Diagnóstico

 
Através de amostras de escarro, pús, exsudato, urina e biopsia de lesões. Microscopia a fresco, cultura, inoculação em animal e sorologia.
 

Tratamento

 
Anfotericina B (curativa na maioria dos pacientes com doença pulmonar e disseminada). Cetoconazol e Itraconazol.
 
Epidemiologia
 
É achado comum em áreas endêmicas, principalmente em cães. A blastomicose não é transmissível a partir de seres humanos ou de animais.